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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Sempre há tratamento para a baixa estatura?


É comum hoje em dia os pais procurarem tratamento para seus filhos crescerem mais. Isso sempre é possível?
A estatura final de uma pessoa tem como determinante principal o componente genético, ou seja, a estatura dos pais costuma determinar a estatura de seus filhos, na maioria dos casos. A estatura dos tios e avós tem pequena participação. Quando existe uma diferença grande entre a estatura dos pais, a estatura final dos filhos pode ser também muito diferente entre os irmãos.
O meio ambiente também age na determinação da estatura final, fazendo com que a genética seja totalmente expressa ou não. Ou seja: os fatores ambientais podem ajudar uma criança atingir a estatura programada, mas não conseguem fazer com que a estatura final ultrapasse a determinada geneticamente. Entre os fatores ambientais encontram-se: alimentação adequada, prática regular de atividades físicas, sono adequado (dormir antes das 22 horas e um tempo de pelo menos 8 horas por noite).
As doenças crônicas também podem interferir no crescimento. O mau controle da asma, por exemplo, costuma comprometer o crescimento e a estatura final de crianças portadoras.
E o hormônio do crescimento? Como ele pode ajudar?
O hormônio do crescimento (ou GH – growth hormone, em inglês) tem sua utilidade no tratamento de crianças portadoras de sua deficiência, ou seja, crianças que não crescem adequadamente pela falta de produção de GH (ou produção insuficiente).
O uso de GH em crianças que não tem deficiência desse hormônio só tem eficácia comprovada em algumas doenças, onde as crianças não crescem por ter a ação do GH diminuída. É o caso de crianças com Síndrome de Turner, as nascidas pequenas para a idade gestacional (PIG), e aquelas portadoras de insuficiência renal.
O uso do hormônio do crescimento em crianças com baixa estatura familiar, ou baixa estatura idiopática (que não tem uma causa conhecida para sua baixa estatura), somente tem eficácia em uma parcela pequena de pacientes, e seu uso deve ser bem discutido com os pais, alertando-os sobre o alto custo do tratamento e a possibilidade de insucesso, além de possíveis efeitos colaterais.
E quando a criança não é baixa, mas os pais querem que ela fique mais alta, para poder se destacar em um determinado esporte, por exemplo?
Nesse caso o uso do GH está totalmente contraindicado, pois não há baixa estatura para se tratar. O benefício de seu uso não existe, e os riscos podem ser grandes.
O endocrinologista pediátrico saberá avaliar se a criança tem baixa estatura e se ela é passível de tratamento com hormônio do crescimento.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Não existem milagres no tratamento da obesidade (nem de nenhuma outra doença)!

Uma reportagem a respeito do uso da substância liraglutida, nome comercial Victoza, no tratamento da obesidade ressaltou os efeitos quase milagrosos, com perda rápida de peso, praticamente sem efeitos colaterais, e sem a necessidade de grandes esforços: nem dieta rigorosa, nem exercícios físicos extenuantes.
Isso me faz lembrar o caso do orlistate (Xenical ®), que no seu lançamento, em 1998, também foi realizada uma reportagem de capa enaltecendo o efeito de emagrecer sem grandes esforços, e rápido (título: Comer sem engordar!!!). Porém o tempo mostrou que não era bem assim! O orlistate ajuda na perda de peso, associada à mudança no estilo de vida, porém nada fantástico (menos de 4 kg no primeiro ano e menos de 3kg em quatro anos de uso em relação ao placebo, de acordo com o estudo XENDOS).
Agora vem a liraglutida! È um excelente medicamento para o tratamento do diabetes, em uso nos EUA há aproximadamente dois anos, com redução importante da glicemia e manutenção do bom controle em longo prazo. E mais: com efeito adicional de perda de peso, principalmente pelo aumento da saciedade. Mas esse é um efeito adicional ao tratamento do diabetes e não a indicação principal de seu uso. Estudos em pacientes não diabéticos, com a finalidade de perda de peso estão sendo realizados, e os resultados por enquanto são promissores. Porém:
- a indicação atual ainda é para tratamento do diabetes
- seu uso e seu efeito na perda de peso estão relacionados à mudança no estilo de vida
- como qualquer medicação nova, não se sabe os efeitos de seu uso no longo prazo, nem em pacientes diabéticos e muito menos nos não diabéticos.
O que se sabe atualmente é que em qualquer tratamento para obesidade, para termos um resultado mantido ao longo do tempo, devemos adquirir hábitos saudáveis, e mantê-los pelo maior tempo possível.
Por enquanto não existem milagres.

Obs. O uso de medicamentos para perda de peso são indicados para obesidade, ou seja, IMC (índice de Massa Corporal) maior que 30, ou sobrepeso (IMC maior que 25) com comorbidades. Abaixo desses níveis, para finalidades estéticas, nada de remédios.