Sempre há tratamento para a baixa estatura?
É comum hoje em dia os pais procurarem tratamento para seus filhos crescerem mais. Isso sempre é possível?
A estatura final de uma pessoa tem como determinante
principal o componente genético, ou seja, a estatura dos pais costuma determinar
a estatura de seus filhos, na maioria dos casos. A estatura dos tios e avós tem
pequena participação. Quando existe uma diferença grande entre a estatura dos
pais, a estatura final dos filhos pode ser também muito diferente entre os
irmãos.
O meio ambiente também age na determinação da estatura
final, fazendo com que a genética seja totalmente expressa ou não. Ou seja: os
fatores ambientais podem ajudar uma criança atingir a estatura programada, mas
não conseguem fazer com que a estatura final ultrapasse a determinada
geneticamente. Entre os fatores ambientais encontram-se: alimentação adequada,
prática regular de atividades físicas, sono adequado (dormir antes das 22 horas
e um tempo de pelo menos 8 horas por noite).
As doenças crônicas também podem interferir no
crescimento. O mau controle da asma, por exemplo, costuma comprometer o
crescimento e a estatura final de crianças portadoras.
E o hormônio do crescimento? Como ele pode ajudar?
O hormônio do crescimento (ou GH – growth hormone, em
inglês) tem sua utilidade no tratamento de crianças portadoras de sua deficiência,
ou seja, crianças que não crescem adequadamente pela falta de produção de GH
(ou produção insuficiente).
O uso de GH em crianças que não tem deficiência desse
hormônio só tem eficácia comprovada em algumas doenças, onde as crianças não
crescem por ter a ação do GH diminuída. É o caso de crianças com Síndrome de
Turner, as nascidas pequenas para a idade gestacional (PIG), e aquelas portadoras
de insuficiência renal.
O uso do hormônio do crescimento em crianças com
baixa estatura familiar, ou baixa estatura idiopática (que não tem uma causa
conhecida para sua baixa estatura), somente tem eficácia em uma parcela pequena
de pacientes, e seu uso deve ser bem discutido com os pais, alertando-os sobre
o alto custo do tratamento e a possibilidade de insucesso, além de possíveis
efeitos colaterais.
E quando a criança não é baixa, mas os pais querem
que ela fique mais alta, para poder se destacar em um determinado esporte, por
exemplo?
Nesse caso o uso do GH está totalmente
contraindicado, pois não há baixa estatura para se tratar. O benefício de seu
uso não existe, e os riscos podem ser grandes.
O endocrinologista pediátrico saberá avaliar se a
criança tem baixa estatura e se ela é passível de tratamento com hormônio do crescimento.